Toda atenção com a covid-19 nos últimos dois anos deixou populações que vivem em situações de vulnerabilidade ainda mais expostas a outras doenças.
As chamadas doenças tropicais negligenciadas (DTN), que ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais, tiveram grande aumento na taxa de mortalidade. A malária é o exemplo mais grave, com aumento de 82,55% na taxa de mortalidade, seguida da leptospirose (38,98%), leishmaniose visceral (32,64%), e dengue (29,51%). Apesar do aumento da mortalidade, houve queda nas internações, justamente como consequência da pandemia e do medo das pessoas de procurarem assistência à saúde nesse período.
As informações fazem parte do estudo de dois pesquisadores, da Universidade Federal de Uberlândia e da Universidade de Córdoba, que trabalharam em cima de dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).
No Brasil, leishmaniose, tuberculose, doença de Chagas, malária, esquistossomose, hepatites, filariose linfática, dengue e hanseníase estão entre as principais doenças negligenciadas. Elas ocorrem em quase todo o território, porém mais de 90% dos casos de malária ocorrem na Região Norte e há surtos de filariose linfática e oncocercose. As regiões Norte e Nordeste apresentam o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e concentram o maior número das DTNs.
A Organização Mundial da Saúde lista ao todo mais de 20 patologias no grupo das doenças tropicais negligenciadas (DTN), que ameaçam a saúde de mais de 200 milhões de pessoas.