A falta de médicos, enfermeiros e parteiras ainda é uma realidade em boa parte das Américas. Um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) mostra que 14 dos 39 países da região não conseguem atender à demanda de saúde da população por falta de profissionais — um problema que pode piorar nos próximos anos.
Segundo a projeção mais crítica do relatório, se nada for feito com urgência, o déficit pode chegar a 2 milhões de profissionais até 2030. Hoje, esse número gira em torno de 500 mil. A meta de cobertura universal de saúde, defendida por organismos internacionais, corre risco.
No Brasil, a situação é mais positiva. O país tem, em média, 80 profissionais da saúde para cada 10 mil habitantes — acima do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 66,57. Mas ainda há desigualdades internas: regiões remotas, periferias urbanas e áreas indígenas seguem com baixa cobertura.
É nesse cenário que o programa Mais Médicos ganha nova relevância. Criado para diminuir desigualdades no acesso à saúde, o programa abriu no último dia 5 de maio um novo edital com 3.174 vagas. São 3.066 destinadas a 1.620 municípios e 108 voltadas a 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). As inscrições foram encerradas em 8 de maio.
O foco do novo edital é atender localidades com poucos médicos e alto grau de vulnerabilidade social, com base nos dados da Demografia Médica 2025. A maior parte das vagas (75,1%) vai para municípios pequenos, onde a assistência é mais escassa. A ideia é garantir atendimento contínuo e qualificado, inclusive nas áreas mais isoladas do país.
Além de levar profissionais onde eles são mais necessários, o Mais Médicos também aposta na formação. Os médicos participantes têm acesso a programas de educação permanente, contribuindo para a qualificação da força de trabalho da saúde no Brasil.
Com o alerta da Opas, fica claro que investir em profissionais da saúde é mais do que uma medida emergencial — é uma estratégia de longo prazo para garantir que ninguém fique sem atendimento.