No dia 8 comemorou-se o Dia Nacional de Luta por Medicamentos, uma oportunidade para refletir sobre os avanços e desafios do setor farmacêutico no Brasil.
Em 2025, os medicamentos genéricos já representam 39% das vendas em diversas áreas terapêuticas, especialmente no tratamento de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Mais do que uma alternativa de tratamento, os genéricos se destacam pelo impacto positivo no orçamento das famílias brasileiras. Por lei, eles devem custar pelo menos 35% menos que os medicamentos de referência, mas, na prática, essa economia pode chegar a 67%. Desde sua introdução, estima-se que essa política pública tenha proporcionado R$ 346 bilhões de economia aos consumidores.
O setor segue em expansão, com 7% de crescimento nas vendas, consolidando a posição dos genéricos no mercado farmacêutico. Dos 20 medicamentos mais prescritos, 15 já são genéricos, produzidos por mais de 102 laboratórios no país, que oferecem um portfólio de 14 mil apresentações diferentes.
Recentemente, o Brasil tornou-se o primeiro país do mundo a disponibilizar um genérico com molécula indicada para o tratamento do mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer hematológico que compromete as células da medula óssea responsáveis pela produção de anticorpos. Aprovado pela Anvisa, o medicamento está disponível em todo o território nacional desde 1º de setembro, em conformidade com as normas da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos).
A indústria farmacêutica brasileira tem aproveitado este momento para ampliar investimentos e consolidar uma janela de oportunidade nos próximos cinco anos. Até 2030, está prevista a quebra de cerca de 1,5 mil patentes de princípios ativos e processos industriais, referentes a 1 mil medicamentos, permitindo a produção de versões pelo menos 35% mais baratas. Esses remédios abrangem 186 doenças, incluindo câncer, diabetes, antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios.
O potencial de crescimento do setor é significativo: estima-se que o total de genéricos comercializados possa aumentar 20% em relação aos atuais 4,6 mil. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Química Fina (Abifina), as patentes mapeadas pertencem a 400 laboratórios, a maioria internacionais, como AstraZeneca, Novartis, Takeda, Janssen e Pfizer.