Falta de medicamentos preocupa atendimentos médicos

No Brasil, relatos de hospitais e unidades de atendimento médico para falta de medicamentos têm virado notícia com certa frequência.

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) alertou o Ministério da Saúde no final de março sobre problemas com a falta de três medicamentos específicos, a partir da consulta a 23 Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems): dipirona injetável, ocitocina e neostigmina. A dipirona injetável, por exemplo, é um medicamento bastante usado, já que auxilia no controle da febre e na redução da dor. Ela é envasada, mas não produzida no país, por isso depende de importação. Seu preço de venda é definido pela Cmed, Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, ligada à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e diferentes ministérios, e alguns laboratórios têm discordado desses valores, afirmando que não cobrem os custos de produção.

No mesmo mês, levantamento na rede pública de São Paulo apontou ao menos 28 medicamentos em falta. Desses, 16 eram responsabilidade do Ministério da Saúde e o restante do próprio governo estadual.

A falta de acesso a medicamentos também está prejudicando pacientes com câncer. Neste caso, em reunião da comissão especial da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao câncer no Brasil, o Ministério da Saúde afirmou que a pandemia atrapalhou a compra e distribuição de remédios. Para entidades, a burocracia no processo de compra dos medicamentos é outro fator complicador.

A falta de medicamentos não significa que o brasileiro consuma poucos remédios. Pelo contrário, pelo levantamento do IMS Institute for Healthcare Informatics, o Brasil tem uma média per capita é de 2,82 unidades – a segunda maior entre os mercados emergentes, atrás somente da Indonésia, e acima da média mundial de 1,6. O país consumiu em torno de 505 milhões de unidades de medicamentos no ano passado, o que equivale a 1,3% do montante global de 4,6 trilhões. Porém, o gasto de US$ 26,1 bilhões da nossa população só representa 0,02% do movimento global. A média de gasto per capita é de US$ 123,97.