Estudos alertam para altos índices de transtornos psicológicos em trabalhadores da saúde no Brasil

Divulgado no começo do ano, relatório feito pela Universidade do Chile em parceria com a Universidade de Columbia, nos Estados unidos, e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apontaaltos índices de depressão e pensamentos suicidas entre trabalhadores da saúde da América Latina desde o início dapandemia de Covid-19.

O estudo ouviu 14 mil trabalhadores da saúde, entre eles profissionais brasileiros, ao longo de 2020. Entre 14,7% e 22% dos entrevistados apresentaram sintomas depressivos, enquanto entre 5% e 15% disseram ter tido pensamentos suicidas.  Dentre as principais preocupações na mente destes trabalhadores, esteve o medode contaminar seus familiares, insatisfação com mudança nos turnos de trabalho,conflitos com pacientes e familiares de infectados, e a falta de apoio emocional e financeiro, uma vez que apenas um terço dos que disseram precisar de atendimento psicológicorecebeu este acolhimento.

Participaram do relatório trabalhadores da saúde, acadêmicos e pesquisadores da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Bolívia, Guatemala, México, Peru, Porto Rico, Venezuela e Uruguai. O HEROES – Covi-19 Health carewOrkErsStudy está disponível para acesso no site da OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde.

Pesquisa brasileira

Um relatório brasileiro aponta para a mesma direção. Entre maio e agosto de 2021, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USPrealizou pesquisa com 916 profissionais da linha de frente de todo Brasil. O resultado mostrou que 36% declararam apresentar algum problema de ordem psicológica.

A maioria dos entrevistados foram enfermeiros (41%) seguidos de médicos (30%) e outras profissões como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, dentistas e terapeutas ocupacionais (29%).

O resultado revela que 61% dos entrevistados possuem indicadores de insônia, 43% de ansiedade, 40% de depressão e 36% de estresse pós-traumático. Assim como o outro estudo, o relatório brasileiro também aponta insatisfação com o atendimento psicológico – 82% relataram não estar contentes com os cuidadosde saúde mental prestados pela instituição em que atuam.