O Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil, celebrado em 15 de fevereiro, reforça a necessidade de atenção aos sinais da doença. Criada em 2002 pela Childhood Cancer International, a data mobiliza o mundo para conscientizar sobre o câncer infantil e apoiar crianças, adolescentes e suas famílias.
No Brasil, o câncer é a principal causa de morte entre crianças e jovens de 01 a 19 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Globalmente, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) estima que, a cada ano, 215 mil crianças menores de 15 anos e 85 mil adolescentes de 15 a 19 anos recebam o diagnóstico. Os tipos mais comuns são leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas.
Obesidade, diabetes e ansiedade crescem entre os jovens
Além do câncer, as doenças crônicas não transmissíveis avançam rapidamente entre crianças e adolescentes. Nos últimos oito anos, os atendimentos ambulatoriais no Brasil para obesidade em crianças e adolescentes cresceram 430% e, para diabetes tipo 2, 225%, segundo o Datasus. O número de infartos nessa faixa etária também aumentou 115%.
Atualmente, mais de 30% das crianças e adolescentes brasileiros estão acima do peso, de acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS). Se nada for feito para reverter essa tendência, metade das crianças do país terá Índice de Massa Corporal (IMC) elevado até 2035, conforme projeções do Atlas Mundial da Obesidade 2024.
Em São Paulo, o cenário é ainda mais preocupante. Entre 2015 e 2023, os atendimentos hospitalares e ambulatoriais de pacientes até 17 anos aumentaram 2.475% para obesidade e 130% para diabetes tipo 2. No mesmo período, os casos de ansiedade e depressão também cresceram de forma expressiva, com altas de 465% e 150%, respectivamente. O estilo de vida atual, marcado por menos horas de sono, maior tempo de tela, sedentarismo e consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, tem impacto direto nesses números.
Além disso, como adolescentes costumam ir menos ao médico do que crianças, o diagnóstico de doenças pode demorar, dificultando o tratamento e aumentando os riscos à saúde.
O consumo de ultraprocessados não apenas contribui para o avanço dessas doenças como também gera um impacto significativo na saúde pública. Um estudo da Fiocruz e do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP) revelou que, em 2019, aproximadamente 57 mil mortes prematuras no Brasil foram associadas a esses produtos, devido ao agravamento de enfermidades relacionadas. Isso representa 10,5% de todas as mortes registradas no país naquele ano, o equivalente a seis mortes por hora ou 156 por dia. Em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, Amapá, Rio de Janeiro e Paraná, a proporção de mortes ligadas ao consumo de ultraprocessados superou a média nacional.