Atenção à Mortalidade materna

Em 28 de maio é Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, data que tem origem no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde que ocorreu em 1984, na Holanda, durante o Tribunal Internacional de Denúncia e Violação dos Direitos Reprodutivos, que destacou o tema da morte materna. Depois, no V Encontro Internacional Mulher e Saúde, realizado em São José da Costa Rica, a Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe – RSMLAC propôs que anualmente o dia 28 de mais fosse uma data para destacar ações políticas a fim de prevenir mortes maternas evitáveis. 

Este ano, a campanha destaca os temas #WomensHealthMatters (Saúde da Mulher Importa) e  #SRHRisEssential  (Tradução para: Direito sexual e saúde reprodutiva  é essencial).

No Brasil este também é o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Um estudo recente do Centro Latino-Americano de Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva (CLAP) da OPAS revelou que uma em cada três mulheres grávidas com COVID-19 que deveriam ter tido acesso a uma unidade de terapia intensiva durante os primeiros dois anos da pandemia não recebeu os cuidados necessários. A média de idade materna foi de 31 anos e cerca de metade das mulheres que morreram eram obesas. Entre as mulheres estudadas, 86,4% foram infectadas antes do parto, e a maioria dos casos (60,3%) foi detectada no terceiro trimestre de gestação. A morte ocorreu, em maioria, no período pós-parto – seis semanas após o parto –, com média de sete dias entre o parto e a morte. O parto prematuro foi a complicação perinatal mais frequente (76,9%) e 59,9% das crianças nasceram com baixo peso.O estudo levou em conta 447 casos na Bolívia, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Honduras, Equador, Peru e Paraguai. Mesmo não analisando casos no Brasil, não é difícil imaginar que o problema se repetiu por aqui, afinal, o país hoje é o décimo do mundo em número de partos prematuros, com 279,3 mil ocorrências anuais, para citar apenas um exemplo. Trata-se de problema de saúde pública, que poderia ser reduzido se todas as mulheres tivessem pleno acesso aos cuidados com a saúde, pois já existem ferramentas preventivas importantes que podem auxiliar a conter fatores de risco.