Saúde em alerta: obesidade e DCNTs crescem no país

Esta semana trazemos um panorama da realidade brasileira em relação à obesidade e às doenças crônicas, temas que refletem não apenas desafios de saúde, mas que também têm impactos econômicos e sociais profundos.

No caso da obesidade, se nada mudar, em 2035 um terço da população adulta do país estará acima do peso. Um número alarmante, com consequências enormes para a saúde pública e privada, mas não é inevitável. Um estudo inédito do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostra que, com políticas públicas eficazes, reorganização do cuidado e incentivos econômicos, é possível reduzir em até 25% essa projeção e controlar os custos que tendem a crescer.

A pesquisa “Obesidade no Horizonte 2035: Desafios Sistêmicos e Perspectivas para o Brasil” lembra que a obesidade é uma pandemia global reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. No país, a prevalência saltou de 12,2% em 2006 para 22,5% em 2020, e entre os beneficiários da saúde suplementar o aumento foi ainda mais expressivo, 55,8% em 14 anos. Hoje, a obesidade custa ao Brasil mais de R$ 70 bilhões por ano, somando gastos médicos e perdas de produtividade. Sem mudanças, essa conta pode crescer 60% até 2035.

Quando se fala em doenças crônicas, o cenário também é preocupante. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), embora a mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como hipertensão, diabetes e alguns tipos de câncer, tenha caído nas Américas de 15,2% em 2010 para 14% em 2021, apenas cinco países da região estão no caminho de cumprir a meta global de reduzir em 25% essa mortalidade até 2025, conhecida como meta 25×25.

Mais de 240 milhões de pessoas na região vivem com DCNTs e precisam de acompanhamento contínuo, grande parte do qual poderia ser oferecido pela atenção primária à saúde. Mesmo assim, muitos não recebem os cuidados necessários e acabam perdendo a vida por falhas na gestão da doença. 

Para enfrentar esse desafio, a OPAS aponta prioridades estratégicas: aumentar o investimento e fortalecer a liderança na prevenção de DCNTs, incluindo políticas para enfrentar fatores de risco e melhorar os serviços de saúde; expandir o acesso à atenção primária para melhorar o diagnóstico, o tratamento e a cobertura; e promover a coerência das políticas em diferentes setores do governo, além da saúde, incluindo a criação de comissões multissetoriais para tratar o tema de forma integrada.

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