Na reta final do mês, ainda há tempo de falar do Julho Amarelo, campanha voltada à conscientização sobre as hepatites virais. Essas doenças, que acometem o fígado e muitas vezes evoluem de forma silenciosa, estão entre os maiores desafios da saúde pública global. A mobilização tem como referência o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho e instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A campanha é promovida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com o apoio de secretarias estaduais e municipais, e oferece ações gratuitas como vacinação contra as hepatites A e B, além de testes rápidos para diagnóstico da hepatite C nas unidades públicas de saúde.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou um crescimento preocupante no número de casos de hepatite A nos últimos anos. Entre 2022 e 2024, a taxa de incidência aumentou 325%, segundo um boletim divulgado. O dado reforça a importância da prevenção, da testagem e do tratamento precoce.
Estima-se que, globalmente, cerca de 1,4 milhão de pessoas morram a cada ano em decorrência de complicações associadas às hepatites virais, como infecção aguda, cirrose e câncer hepático. A hepatite C, por exemplo, tem uma taxa de mortalidade comparável à do HIV e da tuberculose.
O diagnóstico das hepatites é feito por meio de avaliação clínica, exames físicos e laboratoriais. A hepatite A, em sua forma aguda, pode apresentar sintomas como náuseas, vômitos e icterícia. Já as hepatites B e C, quando crônicas, costumam ser assintomáticas durante longos períodos e só se manifestam em estágios mais avançados da doença.
Além das hepatites virais, há outras formas da enfermidade, como a hepatite alcoólica, causada pelo consumo excessivo de álcool; a medicamentosa, provocada por toxicidade de determinados fármacos; e a hepatite gordurosa, geralmente associada à obesidade ou à síndrome metabólica.
Cada tipo viral tem um modo de transmissão predominante. A hepatite A é transmitida principalmente por ingestão de água ou alimentos contaminados. A hepatite B, considerada uma infecção sexualmente transmissível, também pode ser transmitida por contato com sangue ou da mãe para o bebê. A hepatite C é geralmente associada ao uso de drogas injetáveis com compartilhamento de seringas.
Com os avanços da medicina, os tratamentos atuais possibilitam o controle da hepatite B e taxas de cura de até 95% nos casos de hepatite C. A testagem gratuita e o diagnóstico precoce são fundamentais para interromper a cadeia de transmissão e garantir acesso ao tratamento.