No final de janeiro, o Governo da Bahia anunciou a inauguração do Hospital Estadual Mont Serrat – Cuidados Paliativos, o primeiro hospital público do Brasil dedicado exclusivamente a cuidados paliativos. Instalado em um prédio histórico de 1853, em Salvador, a unidade representa um avanço inédito na saúde pública do país, com foco na qualidade de vida de pacientes que enfrentam doenças graves, crônicas ou ameaçadoras da vida.

A abertura do hospital acontece em um momento estratégico, alinhando-se à recente implementação da Política Nacional de Cuidados Paliativos pelo Ministério da Saúde. Lançada em maio de 2024, essa política tem como objetivo humanizar o atendimento a pacientes, familiares e cuidadores, com a meta de habilitar 1,3 mil equipes especializadas, além de um investimento anual de R$ 887 milhões.

Com um investimento total de R$ 66 milhões, o hospital passou por uma requalificação completa para se adequar ao modelo de atendimento humanizado. A unidade conta com 70 leitos, ambulatórios especializados, serviços de bioimagem, laboratório, além de áreas dedicadas à telemedicina e à pesquisa.

A gestão do hospital ficará sob responsabilidade das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), uma instituição reconhecida pela sua expertise em cuidados paliativos e administração hospitalar humanizada. A equipe será composta por 435 colaboradores, incluindo 41 médicos especializados, garantindo um atendimento de excelência e acolhimento integral aos pacientes e suas famílias. Além do Mont Serrat, a Bahia oferece serviços de cuidados paliativos em 52 unidades distribuídas pelas nove macrorregiões do estado, consolidando uma robusta rede de assistência.

O hospital atenderá mais de 2 mil pacientes por mês, oferecendo consultas em especialidades como cardiologia, pneumologia, psiquiatria, nutrologia e neurologia. Também contará com unidades específicas para terapia da dor e apoio ao luto. Além disso, funcionará como um centro de ensino e pesquisa, capacitando profissionais de saúde na área de cuidados paliativos.

No Brasil, vários hospitais já oferecem esse tipo de atendimento, embora não exclusivamente, como o Hospital de Apoio de Brasília (HAB), o Hospital Estadual de Ribeirão Preto, o Hospital do Servidor Público Municipal e o Hospital do Câncer IV (HC IV).

Internacionalmente, um dos maiores exemplos é o St. Christopher’s Hospice, fundado em 1967, em Londres, pela médica Dame Cicely Saunders. Considerado o berço do moderno atendimento em cuidados paliativos, o hospital atende cerca de 2 mil pacientes e suas famílias anualmente e continua sendo referência mundial na área.

A tendência é que cada vez mais unidades especializadas sejam implantadas tanto no Brasil quanto no mundo, ampliando o acesso a um atendimento digno e humanizado.

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